terça-feira, 19 de maio de 2009

colchão de palha

líria porto

à beira de um século
um bercinho de balanço
comprado em segunda mão
embalava minha mãe
e depois os filhos dela
os nove rebentos todos
nossos sonhos e quimeras

quiseram fazê-lo moderno
tiraram-lhe os arcos dos pés
cometeram um quase crime
ficou rijo equilibrado
ali dormiram uns meninos
um sono qualquer
sem asas

um dia busco uma nuvem
faço-o voltar ao que era
a balançar um meu neto
guardo o berço em minha casa
pode ser que nele nasçam
novos versos
                          e um poeta

*

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dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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