quarta-feira, 18 de junho de 2014

repescagem

líria porto

a névoa embaça-lhe o olhar
nos cantos da boca o silêncio
a dor na carne nos ossos
procuro a mulher suculenta
pergunto cadê minha mãe
que se perdeu de si mesma
nas brenhas do esquecimento

toco seu rosto os cabelos
recordo o cheiro do leite
aperto seus dedos trêmulos
e sinto aquela saudade
de quando ainda menina
agarrava-me à sua saia
só para tê-la por perto

na cama a casca resiste
eu fico triste a pensar
na sua breve partida
tantos a esperam por lá
onde residem as estrelas
seus pais seu amor
sua filha

*

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dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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